Rancho Folclórico S. Guilherme

Dados da Associação
Nome: Rancho Folclórico S. Guilherme
Morada: Rua da Padaria, nº7
Código Postal: 2495-181
Nº Contribuínte: 502004010
Email: rfolclorico.sguilherme@iol.com
Website/url:
Nº Telefone:
Nº Fax:
Pessoa de contato: David Gordo dos Santos
Contato de responsável:

Rancho Folclórico de São Guilherme: 1963-2017

 

O Rancho Folclórico de São Guilherme, sediado no povoado de Magueigia, território da atual União das Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça, c. Leiria, atuou, pela primeira vez, a 27 de setembro de 1963, na festa da mencionada localidade, em honra de São Guilherme e de São Silvestre, sendo, por isso, com o Rancho da Região de Leiria, fundado no mesmo ano, o mais antigo do concelho. Nessa época, com o nome de "Rancho Infantil da Magagia" e, alguns anos depois, "Rancho Infantil de São Guilherme", era dirigido pelo fundador e ensaiador Diamantino da Purificação Gordo, natural daí e residente em Quinta da Sardinha, agraciado, a 22 de maio de 2015, pela Câmara Municipal de Leiria e com voto de louvor, no mesmo ano, pela Assembleia da União das Freguesias. 

 

A princípio não existiam corpos sociais, como hodiernamente são apelidados, mas, tão-só, uma Direção constituída, nesse período anterior ao 25 de Abril, por três elementos, que, apesar das limitações, foram responsáveis pelo alavancar do grupo, que se foi projetando em toda a região. Todavia, em 1969 a acentuada emigração para França levou o ensaiador a deixar a agremiação, o que provocou, consequentemente, a suspensão das atividades do Rancho. Estas, que incidiam, sobretudo, na atuação em festas populares, por um lado, e em hotéis e teatros, por outro, viriam a ser retomadas em fins dos anos 70, com o retorno de Diamantino da Purificação Gordo. 

 

Na década de 80 do século XX, o Rancho Infantil de São Guilherme conheceu um sucesso sem precedentes, tendo contribuído para tal o apoio de um grupo de trabalho que se associou ao ensaiador. Esses cidadãos coordenaram, eficazmente, o grupo, sem que houvesse, ainda, corpos sociais definidos, que viriam a surgir, tão-só, em 1988, com a fundação da associação. Entre outros objetivos, destacou-se, à época, a constituição de um conjunto de adultos, que viria a ser designado por Rancho Folclórico de São Guilherme, substituindo, assim, o infantil. Um ano depois, isto é, em 1985, os sobreditos coordenadores organizaram o I.º Festival Nacional de Folclore, que prevalece como umas das mais significantes atividades do grupo, na medida em que permite não só dar a conhecer, aos habitantes da dita União das Freguesias, os "usos e costumes" da região da Alta Estremadura, onde se encontra inserido, mas também os de outros pontos do país. Em 2017, irá decorrer a 32.ª edição. De igual forma, o Rancho, por meio de permutas, tem-se descolado a inúmeros locais do território português e até ao estrangeiro, designadamente Espanha e França, para participar nos festivais de folclore organizados pelos mais diversos grupos, levando longe, assim, as tradições dos antepassados dos residentes da Alta Estremadura. 

 

Em 1995 e até ao presente, os corpos sociais do Rancho Folclórico de São Guilherme têm sido selecionados segundo as regras patentes no texto estatutário subjacente à fundação da associação. Os mandatos, que são trienais, estão distribuídos pela Assembleia Geral, Direção e Conselho Fiscal. Também nos inícios dos anos 90 do século XX, o grupo muito laborou para cumprir os requisitos necessários para integrar a Federação do Folclore Português, em 1993, e a Associação Folclórica da Região de Leiria - Alta Estremadura, no ano de 1997. Por último, a inserção, já no século XXI, na ForSerra, associação macro da supradita União das Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça. 

 

No que se refere às atividades desenvolvidas pelos elementos afetos, direta ou indiretamente, ao Rancho Folclórico em questão, além das primordiais atuações em festas populares e em hotéis, que ainda ocorrem, o grupo tem participado em cortejos etnográficos, tardes recreativas, homenagens, programas da RTP e SIC, peregrinações a Fátima e exposições de trajes. Nos últimos anos, têm-se destacado também as recriações, na medida em que o folclore não se resume, como se entendia outrora, apenas aos cantares e às danças, como têm apreendido os membros do grupo, particularmente os dirigentes, nos inúmeros congressos, palestras, conferências, colóquios e formações que têm presenciado. De destacar, a título de exemplo, o "ciclo da vinha", em 2008, e o do milho, em 2010. No ano de 2015, o Rancho ensaiou e apresentou, com o apoio do Leirena Teatro e pela primeira vez, uma peça teatral, inserida no festival Novos Ventos. Participa, anualmente, no Festival Cultural e Gastronómico "O Chícharo da Serra". 

 

O Rancho Folclórico de São Guilherme realizou, nos anos 60 e 80, extensas recolhas de trajes utilizados pelos moradores da Serra da transição dos séculos XIX-XX, por um lado, e de cantigas, músicas e letras, algumas das quais vertidas para pauta, por outro. Recentemente, têm sido efetuadas novas recolhas materiais e imateriais, tendo resultado, no primeiro caso, na constituição do respetivo museu e, no segundo, na edição, em 1990, de uma cassete com músicas e, em 2011, de um CD, com parte do cancioneiro. Teve em funcionamento, durante anos, uma escola de música. Em 2014, no âmbito das comemorações do 50.º aniversário, o Rancho editou um livro intitulado Rancho Folclórico de São Guilherme: 1963-2013. De referir, ainda, a publicação de inúmeros artigos sobre as atividades e o funcionamento do grupo no mensário Luz da Serra, da paróquia de Santa Catarina da Serra, assim como em jornais regionais, Diário de Leiria e Região de Leiria, e até no Jornal Folclore

 

No âmbito do património, o Rancho, além da respetiva sede, possui, na Rua da Padaria, em Magueigia, uma "casa-museu", com o nome técnico de Núcleo Museológico e Etnográfico. Trata-se de uma habitação adquirida, no ano de 2001, por autorização da Assembleia Geral, a António Henriques Jorge e a sua esposa, Maria da Natividade Vieira, residentes em Torres Novas, conforme indica a documentação existente em arquivo. Até 2008 decorreram os trabalhos de restauro e adaptação a museu, concomitantemente com a aquisição de inúmeras peças para integrar o futuro Núcleo. Este foi inaugurado no dia 28 de setembro, tendo estado presentes elementos da Câmara Municipal de Leiria, Junta de Freguesia, paróquia de Santa Catarina da Serra e Federação do Folclore Português. Em 2017, o espaço, que dispõe, a título de exemplo, de um lagar de uvas de prensa de vara completo e de um tear totalmente manual, passa a fazer parte de um roteiro turístico. Trata-se de uma estrutura única não só na União das Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça, mas em toda a região. 

 

Pela Direção do Rancho Folclórico de São Guilherme: Vasco Jorge Rosa da Silva. 

Magueigia, 15 de fevereiro de 2017, quarta-feira. 

 

Bibliografia sumária: 

 

- SILVA, Vasco Jorge Rosa da, Rancho Folclórico de São Guilherme: 1963-2013, Magueigia, Rancho Folclórico, 2014. 

- SILVA, Vasco Jorge Rosa da, e VICENTE, Joaquim das Neves, Santa Catarina da Serra: Estudo Histórico e Documental, Santa Catarina da Serra, Junta de Freguesia, 2013.